ATENÇÃO LEITORES
Escrevi este conto para um concurso que não ganhei.
Tudo aqui é ficção, menos a vontade de que tivesse sido verdade. Como ele é longo, posto em capítulos.
Janice
Parte 1
Foi na última quinta-feira que ela voltou. Disse ter permissão especial, que precisava dessa experiência para seu crescimento pessoal, para sua evolução.
E que devido às circunstâncias trágicas de seu passamento, só agora obtivera a condição energética ideal.
A pessoa escolhida para recebê-la tinha sido sua avó, no tempo em que ambas eram russas, em outra encarnação. Porém nessa nunca ouvira falar da própria, dados imprescindíveis para o sucesso da missão: afinidade e imparcialidade.
O fato de esse retorno ter sido no Brasil lhe foi indagado. Respondeu ela que rodou um globo terrestre e escolheu o lugar onde ele parou. Na realidade ele parou no Chile, mas ela não achou graça nenhuma. Resolveu então vir para esse país, onde já havia estado e gostado, além dele ser tão irreverente quanto ela. Ou seja, ela, mesmo do lado de lá, continua gaiata.
E essas foram as circunstâncias de sua volta. Numa quinta-feira, a última do mês, num Centro Espírita do Rio de Janeiro, Janis Joplin voltou à vida.
...
Voltar à vida, assim como Lázaro, não foi bem o caso. Ela nem reencarnou nem ressuscitou. Mas obtendo a permissão de sua ex-avó russa, médium qualificada do Centro, usou o aparelho fonador desta para se comunicar.
Sei de tudo isso, pois como é de meu ofício, tive que fazer a tradução. Sim, pois após a morte, independentemente do que se espera encontrar - céu com anjinhos, mil virgens, colônia de recuperação - nenhuma religião garante um curso intensivo de uma língua estrangeira. A não ser que seja de latim, que muitos consideram uma língua morta (HaHaHa!).
Janis pediu que abrasileirássemos seu nome. Virou Janice. Não sei se em homenagem ao país, ou para evitar pronúncias comprometidas. Todos sabem como são chatos esses americanos, mesmo que seja uma ex-americana que por acaso também é uma ex-russa.
Nada disseram ao nosso genérico de Mick Jagger, Sergei.Vai que ele inventa de reviver o affair que disse ter tido com ela. Iria sobrar para a ex-avó e as coisas não funcionam bem assim.
Continua
Foi na última quinta-feira que ela voltou. Disse ter permissão especial, que precisava dessa experiência para seu crescimento pessoal, para sua evolução.
E que devido às circunstâncias trágicas de seu passamento, só agora obtivera a condição energética ideal.
A pessoa escolhida para recebê-la tinha sido sua avó, no tempo em que ambas eram russas, em outra encarnação. Porém nessa nunca ouvira falar da própria, dados imprescindíveis para o sucesso da missão: afinidade e imparcialidade.
O fato de esse retorno ter sido no Brasil lhe foi indagado. Respondeu ela que rodou um globo terrestre e escolheu o lugar onde ele parou. Na realidade ele parou no Chile, mas ela não achou graça nenhuma. Resolveu então vir para esse país, onde já havia estado e gostado, além dele ser tão irreverente quanto ela. Ou seja, ela, mesmo do lado de lá, continua gaiata.
E essas foram as circunstâncias de sua volta. Numa quinta-feira, a última do mês, num Centro Espírita do Rio de Janeiro, Janis Joplin voltou à vida.
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Voltar à vida, assim como Lázaro, não foi bem o caso. Ela nem reencarnou nem ressuscitou. Mas obtendo a permissão de sua ex-avó russa, médium qualificada do Centro, usou o aparelho fonador desta para se comunicar.
Sei de tudo isso, pois como é de meu ofício, tive que fazer a tradução. Sim, pois após a morte, independentemente do que se espera encontrar - céu com anjinhos, mil virgens, colônia de recuperação - nenhuma religião garante um curso intensivo de uma língua estrangeira. A não ser que seja de latim, que muitos consideram uma língua morta (HaHaHa!).
Janis pediu que abrasileirássemos seu nome. Virou Janice. Não sei se em homenagem ao país, ou para evitar pronúncias comprometidas. Todos sabem como são chatos esses americanos, mesmo que seja uma ex-americana que por acaso também é uma ex-russa.
Nada disseram ao nosso genérico de Mick Jagger, Sergei.Vai que ele inventa de reviver o affair que disse ter tido com ela. Iria sobrar para a ex-avó e as coisas não funcionam bem assim.
Continua
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