
POBRES MENINOS RICOS
Ninguém entende esses pobres jovens da classe média. Média, de acordo com os jornais e televisão e alta para mim, que acho que sou classe “F”. Éfe de f.........ida, mesmo.
Como eu ia dizendo, entendo perfeitamente como esses jovens devem se sentir. Sou classe F, mas procuro me manter informada. Leio sempre a revista Caras, não perco o BBB, o Faustão, e acompanho todas as novelas.
Pois é. Li numa revista sem capa, então não sei qual é, na manicure, um artigo que explica tudo. Diz lá que o ser humano tem que ter dificuldade na vida pra superar. Que esse negócio de se conseguir tudo molinho, não ter que lutar pra conseguir as coisas, deixa as pessoas sem estímulos. Estímulos, neste caso, acho que deve ser moral.
Agora imagina a cabeça dessa criançada que nunca sentiu cheiro de cecê brabo num ônibus ou trem lotado. Que vai de carro pra cá e pra lá, tem piscina em casa, não precisam pegar dois ônibus até a praia. São privados de dificuldades pra superar. Isso ninguém vê.
E na falta de liberdade desse pessoal, alguém já pensou? Viver confinado em condomínios luxuosos, ter segurança pessoal, só poder passar as férias na Europa ou América, ser obrigado a saber idiomas, estudar em colégios caros, isso tudo prejudica. Nunca ficam doentes, nunca repetem ano, nunca deixam de comprar o que querem, são todos lindos, dentes perfeitos, casas confortáveis, agasalhados no inverno, refrescados no verão. Um tédio só.
A vida desses jovens, no entanto, tem uma coisa de competição, que não acho legal.
Eles competem para ver quem tem o carro mais caro, as roupas mais na moda, os pais mais influentes, os melhores implantes, as plásticas mais atualizadas.
Gente, isso deve de dar um tremendo estresse. Já ter sua vida toda estabilizada e planejada, nunca poder renegar uma festa ou balada ou carreirinha...E a criatividade, onde é que fica? Coitados.
Aí eles ficam entediados, pois já brincaram com tudo, e tudo o que querem, conseguem fácil. Nada tem mais graça.Vão fazer o quê então, para buscar emoções? Incendiar índio ou mendigo, roubar roupas num shopping center, surrar domésticas. Ou, num cinema, sair atirando na platéia. Não é por mal, é só por falta do que fazer.
Ninguém merece a vida que eles levam. Tadinhos, gente.
(Foto Agência Estado)